Ásia, Diversos, Tailândia

Long Neck Village: a tribo das mulheres girafa no norte da Tailândia

09 abr 2015
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IMG_2756Quando decidi ir para a Tailândia, entre os primeiros itens da lista estava a conhecer a tribo das Mulheres girafa. As mulheres da tribo Karen são famosas por acumular argolas pesadas ​​ao redor do pescoço, antebraços e canelas. Um costume bonito e polêmico ao mesmo tempo, mas o que eu não esperava era passar por um conflito ético durante a visita ao povoado.

Saímos daqui do Brasil já com o passeio agendado e no dia combinado saímos de Chiang Mai e seguimos para a região do Triângulo Dourado, onde fica a Long Neck Village.

O nome pode até ser bonito, mas na vida real trata-se de um assentamento de refugiados. Originários do Myanmar (antiga Birmânia), o povo dessa tribo foi tão perseguido por questões étnicas que muitos deles resolveram abandonar seus lares e fugir.

IMG_2757Hoje existem cerca de 40 mil pessoas da tribo e parte desse povo vive em pequenos pedaços de terra distribuídos pela Tailândia. Como são refugiados, nosso guia explicou que apenas alguns poucos homens podem sair dali. O restante não pode deixar o acampamento para trabalhar, estudar ou passear.

Vendo o potencial turístico desse povo tão peculiar, o Governo Tailandês “liberou” a visita de turistas que pagam (ao governo) para entrar na tribo que sobrevive, em maior parte, da venda dos artesanatos. Uma via de mão dupla vista como exploração por uns e oportunidade por outros.

Antes que perguntem, é claro que eu sabia que se tratava de refugiados e que a situação não seria linda. Mas confesso que fiquei completamente dividida por ‘financiar’ um turismo que não concordo e ao mesmo tempo me vi ajudando uma pessoa que depende da venda de seus artesanatos para cuidar de sua família. É um sentimento complexo e inevitável.

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Assim que chegamos as mulheres mais antigas do acampamento nos explicaram um pouco sobre a cultura e os motivos de estarem ali. Como jornalista gostaria de conversar com cada uma delas, entender como tomaram a decisão de deixar suas casas e suas vidas. Algumas delas até são abertas a falar sobre o assunto. Outras não.

IMG_2761Cada família mora em uma pequena casa de madeira onde expõe e vende seus produtos. Há uma tenda onde os turistas são recebidos e um pequeno barzinho onde dá para comprar água e alguns petisquinhos.

Longos pescoços

Existem diversas teorias sobre o real motivo de apenas as mulheres usarem as argolas. Algumas dizem que seria para embelezar as mulheres e outras que o uso dos colares começou para proteger dos ataques de tigres. Porém, a maior razão pela qual as mulheres Karen continuam alongando seus pescoços, braços e pernas até hoje é bem simples: a tradição!

Atualmente há mulheres que continuam usando as argolas com o objetivo de manter vivo o patrimônio cultural de seu povo e também há as que usam pelo simples fato de precisar de dinheiro (contradição ética, lembra?). Muitas jovens já nem usam mais (apesar de eu ter visto crianças já com argolas). Honestamente acho que esse costume vai continuar apenas por mais algumas poucas gerações.

O curioso é que é tudo ilusão de ótica, pois os pescoços não ficam maiores. A verdade é que as argolas afinam o pescoço e o peso da peça (que pode chegar a 10 kg) empurra a clavícula para baixo, o que acaba “afundando” a caixa toráxica e dando a ilusão de que o pescoço cresceu.

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Eu, levemente esverdeada! rs

Eu, levemente esverdeada! rs

Não caiu bem

Meu estômago também decidiu se manifestar durante a viagem. Comi algo pela estrada que não caiu muito bem e acabei passando super mal (quem mandou não ter frescura e comer tudo que vê pela frente?!).

Sabe quando sua pressão cai tanto que você fica até meio esverdeada? Pois foi assim que fiquei. As mulheres contando a historia da tribo e eu só rezando para não vomitar no pé delas! É nojento, eu sei. Mas é verdade.

Acho que essa mistura de “emoções” fez com que a experiência não tenha sido tão boa quanto eu esperava, mas o aprendizado e a reflexão foram enormes.

No fundo entendi que as mulheres e homens da tribo só vão se sentir em um “zoológico humano” se você os tratar assim. Se mostrar interesse pela vida e cultura eles vão se sentir honrados e felizes. Se eu voltaria ou recomendaria esse lugar? Claro que sim! Mas voltaria para tentar compreender melhor a situação desse povo e, quem sabe, até tentar ajudar. E indico que você faça o mesmo.

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“Um sorriso sutil
em um rosto cansado.
Uma alma marcada
em um lugar que não é dela.
Uma cidadã do mundo
e um ser humano sem pátria”

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7 comentários em "Long Neck Village: a tribo das mulheres girafa no norte da Tailândia"
  1. Jesyanne Brito   •   08/06/15   •   17h21

    Gostei muito do seu texto. Conhecer um pouco mais da cultura de outros lugares. O que me levou a ver sua postagem foi a curiosidade a cerca das mulheres girafas. A partir da reportagem podemos perceber o lado positivo e negativo por trás desta cultura.
    Parabéns pelo trabalho!

    • Iara Vilela   •   09/06/15   •   08h51

      Obrigada, Jesyanne!
      Acho que viajar é isso, é lidar com diferenças e refletir sobre elas sem deixar de dar valor às coisas, mesmo que não concorde.

      :*

  2. Rogéria   •   03/08/15   •   19h37

    Olá Iara, li no seu texto que se paga para entrar na aldeia, vc se lembra quanto?
    E fica há quanto tempo de Chiang mai?
    Obrigada.
    Beijo

  3. Isabella   •   21/04/16   •   05h44

    Me senti exatamente como vc!

    • Iara Vilela   •   23/04/16   •   16h53

      Foram sentimentos bem conflitantes, Isabella. Mas acho que voltaria mesmo assim.

  4. Vanderléia Dallariva   •   17/04/18   •   04h26

    Oi Iara! Parabéns pelo post, excelente! Esclarecedor e triste também. Muito triste mesmo saber da dura realidade dessas pessoas. E o governo, como sempre, o que faz? Na verdade nada além de explorá-los. Lamentável….planejo uma viagem à Tailândia e esse é um dos locais que quero conhecer…já o estou vendo com outros olhos. Obrigada pelas valiosas dicas ;-)

    • Iara Vilela   •   17/04/18   •   10h33

      Oi Van!
      É como eu disse no texto: se você olhar eles nos olhos e tratá-los com dignidade, eles não vão se sentir em um “Zoológico humano”como dizem por aí. Eu tenho vontade de voltar e tentar conversar mais com eles. Espero que faça isso! Me conte depois como foi!

      Beijos!