Poucas vezes na vida eu disse “quero morar aqui”, mas acontece que eu me apaixonei por Valência.
Rosa, roxo e laranja… eram essas as cores do pôr do sol que vi em outubro de 2021, sentada bem em frente à extensa faixa de areia da Praia de Malvarosa. Apesar de ter sido literalmente nossa primeira parada na cidade, eu só não tinha entendido direito ainda aquele sentimento, mas meu coração já tinha se apaixonado por Valência.
E foi naquele fim de dia que eu falei pela primeira vez: “Me apaixonei por Valência! Acho que quero morar aqui”.
Era um típico dia de comecinho de outono, sabe? Fresquinho, mas com sol, e o vinho talvez tenha deixado tudo ainda mais bonito. As coisas tinham um novo sabor, já que essa era a primeira viagem desde que a Pandemia tinha começado. Ainda havia medo e insegurança, mas uma extrema felicidade por estar ali com algumas das minhas pessoas favoritas.
Longe de ser #GratiLuz, mas a verdade é que ter consciência da importância de voltar a ter novamente momentos como esses, me fez sentir na pele o calor de cada raio de sol daquela golden hour.
Conhecendo a cidade
No dia seguinte seguimos cedo para o centro histórico de Valência, mas não sem antes passar pelo Jardim de Túria, um parque urbano espetacular com 110 hectares que cerca a cidade medieval ao longo de 10 quilômetros. A primeira parte foi inaugurada em 1986, onde antes era o leito do rio que leva o mesmo nome e foi desviado após sucessivas enchentes que causavam mortes e muita destruição.
A solução foi aproveitar o espaço por onde corriam as águas do velho Túria e transformar em uma área verde, uma espécie de parque alongado, que hoje é extremamente utilizada pela população.
Caminhamos mais um pouco e passamos pela Torre dos Serranos. Percorremos as antigas ruelas da cidade que tem mais de dois mil anos de história e, ao pisar na Plaza de la Virgen, me vi falando alto pela segunda vez: “Me apaixonei por Valência!”, seguido por um: “Sim! Eu definitivamente VOU morar aqui”.
Estar pela primeira vez em um lugar já aguça os sentidos, mas estar apaixonada deixa tudo à flor da pele. E foi assim que eu reparei que eram as centenas de pés de laranja plantados em praticamente todas as ruas que perfumavam a cidade.
Eu não precisei andar de bicicleta pelos 160 km de ciclovia existentes na cidade, nem entrar na Catedral ou conhecer a Cidade das Artes e Ciência. A verdade é que ver de perto cada um desses lugares só me deu certeza de que eu precisava passar um tempo maior que simplesmente uns dias como turista.
E quanto mais eu andava, comia e desbravava Valência, mais eu pensava o que era necessário ser feito para que eu realmente pudesse viver ali.
Me apaixonei por Valência, e você? Se apaixonou por onde?
Se você conversar com qualquer viajante, com certeza vai ouvir da pessoa que ela AMA muitas cidades e que adora tantas outras, mas que existem algumas tão, mas tão especiais que fazem o coração parar por alguns instantes. E essa emoção não tem lógica, viu?
Pode ser uma cidade grande e caótica como Bangkok, histórica como Londres ou um povoado de 2 mil habitantes com casas de pedra aos pés de uma montanha no interior da Itália. A real é que por algum motivo (que beira o espiritual), você vai sentir que pertence àquele lugar, mesmo sem nunca ter pisado ali antes.
Essa sensação de pertencimento acontece poucas vezes na vida. Alguns dão sorte de se sentir assim em suas próprias cidades natais. Outros percorrem o mundo em busca de algo pelo qual a alma clama e quando encontra, é impossível se conter.
E foi exatamente assim que me senti no dia que me apaixonei por Valência.
E também foi assim que seis meses depois eu desembarcava por terras Valencianas.
Mas isso é história para outro post.